Maison, produtor independente ou cooperativa? Conheça os produtores de Champagne

Com uma produção anual superior a 320 milhões de garrafas e respondendo por cerca de 20% do faturamento total do setor do vinho na França, Champagne é uma região de superlativos. Além da qualidade de seus espumantes, esta região tem algumas características específicas, sobretudo no que diz respeito aos players envolvidos na produção.

Ao contrário da grande maioria das outras regiões produtoras de vinhos de alta qualidade, em Champagne não são os proprietários dos vinhedos os responsáveis por grande parte da produção. Isso se deve à forte presença das chamadas Maisons, que compram uvas ou mostos para elaborar os vinhos. Atualmente elas respondem por cerca de 70% das garrafas de Champagne vendidas no mundo.

Por conta disso, vale a pena entender melhor como funciona o mercado de produção em Champagne e quem são os principais atores. E o melhor de tudo: para saber esta informação na hora de apreciar sua garrafa de Champagne, você nem precisa pesquisar. Esta informação muitas vezes está no rótulo, basta saber o que significam algumas siglas.

Maisons e cooperativas

Antes de falar dos tipos de produtores, vale a pena falar um pouco mais também sobre quem cultiva as uvas nesta denominação de origem. No total, são mais de 16.200 viticultores cultivando as variedades mais usadas na região: Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier. Porém, apenas uma pequena parte deles elabora vinhos próprios. E as uvas dos demais acabam nas mãos de dois grupos distintos: as Maisons e as cooperativas.

O grupo mais conhecido e de maior porte são as Maisons. Você certamente já ouviu falar delas, pois alguns dos nomes mais prestigiados de Champagne são Maisons: Moët & Chandon, Veuve Clicquot, Perrier e Bollinger são alguns deles. No conjunto, são cerca de 370 Maisons em Champagne, que, na média, compram de terceiros 90% das uvas utilizadas para a elaboração de seus espumantes.  Em geral, elas têm atuação em toda a região, ou seja, boa parte de seus blends contém uvas ou mostos de viticultores de diversos vilarejos.

Já as cooperativas, que atualmente superam 130 na região, servem como uma alternativa para viticultores que não queiram ou não possam elaborar vinhos próprios. Os vinhos são elaborados e engarrafados, em sua maioria, com o rótulo da cooperativa. Ao contrário das Maisons, porém, sua atuação é mais regional. Em geral, seus vinhos são elaborados com uvas de uma única região, onde se situam os vinhedos de seus cooperados.

Produtores independentes

Existe também um terceiro grupo, aquele dos viticultores que usam suas uvas para elaborar vinhos próprios. Ou seja, além de trabalharem com viticultores, cultivando e cuidando de seus vinhedos durante todo o ano, também fazem toda a vinificação e participam da comercialização dos vinhos.

Estes produtores normalmente possuem pequenas parcelas de vinhedos, localizadas em locais específicos dentro da região de Champagne. Como seus espumantes são elaborados com uvas de parcelas distintas e de pequenos lotes, eles tendem a ter um sabor muito distinto e diferente a cada ano, refletindo muito melhor o terroir. Assim, em termos de estilo, tendem ser o oposto das grandes Maisons, que buscam homogeneidade e um estilo que pouco muda ao longo do tempo.

Por conta destas características, muita gente costuma apontar estes produtores como o futuro da Champagne. No passado, grande parte deles vendia suas uvas para as Maisons e cooperativas, mas isso vem mudando. Sua parcela no total produzido vem crescendo rapidamente, até como reflexo da crescente preferência dos consumidores de vinhos finos por produtos mais artesanais e que melhor representem o terroir.

Como saber qual o tipo de produtor?

Para quem quer saber qual o tipo de produtor, não é necessário muito esforço. Existem, além dos três grupos acima, quatro outras categorias definidas pelas autoridades de Champagne. Saber o significado de algumas poucas siglas pode ser extremamente útil para entender melhor o que está dentro da garrafa.

Para identificar estas sete categorias, existem siglas distintas de duas letras, disponíveis (nem sempre ultimamente, porém) na parte inferior do rótulo do Champagne. São elas:  

Négociant-Manipulant (NM)

Indivíduo ou empresa que compra uvas, mostos ou vinho-base para elaborar Champanhe em suas próprias instalações e comercializá-lo com rótulo próprio. Todas as grandes Maisons de Champanhe pertencem a esta categoria, portanto esta é a sigla mais encontrada nos rótulos destes espumantes. Vale lembrar, porém, que isso não significa que 100% das uvas sejam de terceiros. Basta que a proporção de uvas próprias seja inferior a 95% para que o Champagne se encaixe nesta categoria.

Négociant-distributeur (ND)

Se as grandes Maisons se especializaram na elaboração de blends com uvas e mostos de terceiros, existe uma categoria distinta para aqueles négociants que adquirem Champagnes prontos. Neste caso, fazem, em suas instalações próprias, a rotulagem, vendendo estes vinhos com seus próprios rótulos.

Marque d’acheteur (MA)

Categoria que inclui as marcas de Champanhe detidas por um terceiro, que não é o produtor. Um exemplo é um Champanhe de marca própria de um supermercado. Ele pode incluir Champagnes prontos provenientes de vários produtores, porém vendido sob o rótulo próprio do supermercado.

Coopérative-manipulant (CM)

Esta categoria engloba os Champagnes elaborados por cooperativas, que os comercializam com rótulo próprio. Elaborados nas instalações da cooperativa, incluem uvas e/ou mostos de diferentes viticultores cooperados.

Récoltant-coopérateur (RC)

Esta sigla indica viticultores que fazem parte de uma cooperativa, mas que comercializam o Champanhe produzido nas instalações da cooperativa usando seu próprio rótulo.

Société de Récoltants (SR)

São os Champagnes produzidos por uma união de produtores, que compartilham recursos e comercializam coletivamente suas próprias marcas.

Récoltant-Manipulant (RM)

É a categoria que engloba aqueles viticultores e produtores que usam um mínimo de 95% de uvas de propriedade para elaborar, em suas instalações, vinhos que serão comercializados com rótulos próprios. Vale lembrar que não são somente os produtores independentes que podem usar esta sigla, já que é possível que uma Maison use essa classificação em uma marca específica, usando uvas de parcelas de sua propriedade.

Fontes: Comité Champagne; Champagne Guide; WineFolly

Imagem: csk via Pixabay

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