Os Vinhos do Porto e o Barão de Forrester. Primeiro pergunto se você conhece o que é um Vinho do Porto. Depois pergunto se conhece as diferentes maneiras de elaborar o Vinho do Porto. E, finalmente, pergunto se conheces, ou já ouviu falar, do Barão de Forrester.
Sabiam que há um dia só do Vinho do Porto? 10 de Setembro é o Dia Internacional do Vinho do Porto, também conhecido como Port Wine Day. A data comemorativa é uma homenagem ao dia em que Marquês de Pombal, em 1756, demarcou uma das áreas vinícolas mais antigas da Europa: o Douro.
Localizada no nordeste de Portugal e próxima ao rio do Douro, a região apresenta um clima único para o cultivo das diversas variedades de uvas, e elabora vinhos há pelo menos dois mil anos. O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) e produtores da região estabeleceram esta data como uma forma de celebrar o dia em que a região foi demarcada e, também, promover o Vinho do Porto.
Um pouco de história
Para quem conhece a história, relembre. Para quem não conhece saiba que há também a figura do Barão de Forrester, um personagem com forte influência na história do Vinho do Porto. Ele nasceu no ano de 1809. Seu nome: Joseph James Forrester. Em 1831, na Grã Bretanha, juntou-se à empresa vinícola de um tio seu no Porto, e iniciou uma reforma no comércio de vinhos. Na sua obra de 1844, “Uma palavra ou duas sobre o vinho do Porto”, declarou guerra aos que adulteravam o vinho.
Responsável por desenvolver o primeiro mapa da Região Demarcada do Douro, foi o precursor de várias reformas que alteraram, então, o comércio dos vinhos. Também estudou o oídio da vinha causado pelo Oidium tuckeri, razões que lhe valeram o título de barão, atribuído por D. Fernando II, na altura regente porque D. Pedro V ainda não tinha atingido a idade adulta.
Em 1861, o barco de Forrester virou-se no Cachão da Valeira, onde o britânico teria sido arrastado para o fundo, por causa do cinto com dinheiro que levava consigo. Seu corpo nunca foi encontrado. Nessa derradeira viagem, fez-se acompanhar por D. Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida como “Dona Ferreirinha”. Segundo reza a história, ela não se afogou porque as saias de balão que então vestia a fizeram flutuar até à margem do Rio Douro.
Vinho do Porto é um fortificado
O Vinho do Porto é um vinho fortificado, ou seja, aquele ao qual é agregada certa quantidade de álcool vínico (álcool proveniente da destilação de vinho) ao mosto, antes da total fermentação do mesmo. Para quem não lembra, para serem feitos os vinhos do Porto, temos que obter uvas classificadas.
Esta classificação segue o padrão de letras de “A” a “F”, e são precisos para a classificação as melhores uvas de castas recomendadas e outras permitidas, a elevação com exposição solar, sua localização (Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior), idade das plantas, os solos, densidade das plantações, rendimento etc…
Continuando com o processo, o mosto é fortificado no terceiro dia de fermentação com a adição de aguardente vínica, com teor alcoólico entre 76% – 78%, a fim de parar a fermentação: (440 litros de mosto misturado com 110 litros de aguardente). Obs.: para o padrão do Vinho do Porto, seu grau alcóolico mínimo permitido é de 16,5% para o vinho do Porto branco, e o máximo é de 22%. Em geral o vinho do Porto terá sempre de 19% a 20%.
Múltiplas castas
O Douro é a região em todo o mundo com mais variedades de uvas utilizadas na produção de vinho do Porto. São mais de cem variedades de uvas, todas autorizadas pelo Instituto do Vinho do Douro e Porto. Atualmente, as cepas mais utilizadas são as cinco castas tintas estudadas (Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinto Cão e Tinta Roriz) e as cinco variedades de uvas brancas (Malvasia Fina, Gouveio, Viosinho, Códega e Malvasia Rei).
Existem 29 variedades de castas recomendadas na legislação, divididas em dois grupos. O primeiro deve ser usado em pelo menos 60% do vinho em corte, e as uvas do segundo grupo devem ser usadas em um máximo de 40% da mistura.
Estilos de vinhos do Porto
Os vários estilos do Vinho do Porto advém da divisão em duas grandes famílias; Ruby e Tawny, e com os brancos correndo por fora, pois não são todas as casas de vinho do Porto que os fazem. A primeira vê o envelhecimento do vinho nas garrafas, com tempo pequeno de amadurecimento em madeira. Já a segunda evolui em madeira, indo para a garrafa quando aptos para a venda. Os Ruby podem ser comuns, LBV-Late Bottled Vintage e Vintage em ordem crescente de qualidade.
Os Tawny vão desde os comuns, passando pelos de indicação de idade, com 10, 20, 30, 40 anos e mais, estando nesta categoria a divisão do Colheita que são os de idade, porém, de uma única safra. Já os Brancos, apenas de uvas brancas, têm uma configuração parecida com os Tawny quando envelhecem na madeira, e com os Ruby quando apenas passam por garrafas e/ou quase nada por madeira.
Harmonizações
Na realidade, o Vinho do Porto em seus diversos estilos, é um vinho fortificado. Ele possui diversas facetas, sendo uma excelente dupla para sobremesas à base de chocolate ou para harmonizar com uma tábua de queijos azuis. É também muito utilizado para coquetéis. Podem acompanhar uma refeição desde a entrada até a sobremesa na verdade.
Sem dúvida, há um Vinho do Porto para cada paladar e ao final de ano, é muito comum termos aos finais das ceias e almoços festivos o Vinho do Porto, que tem até uma taça específica para chamar de sua, desenvolvida pelo arquiteto português Álvaro Siza. Um brinde ao Vinho do Porto!
Até o próximo brinde!
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Fotos: Álvaro Cézar Galvão, arquivo pessoal
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