Quantidade ou qualidade? Se a safra 2022 do Piemonte for avaliada pela quantidade, houve um pequeno recuo em relação ao ano anterior. A produção total de vinhos desta região italiana foi de 2,26 milhões de hectolitros, contra os 2,3 mhl produzidos no ano anterior. Já do ponto de vista de qualidade, a percepção foi bastante favorável, ao menos de acordo com a publicação Anteprima Vendemmia 2022, editada pela Vignaioli Piemontesi e pela região do Piemonte.
A safra 2022 foi avaliada, dentro de uma escala de cinco estrelas, como 4,5 estrelas. Isso a coloca entre ótima e excelente, apesar das condições climáticas complicadas. As projeções iniciais eram pessimistas, por conta de uma das estações mais secas da história no Piemonte, com um verão muito quente e sem chuva. Por conta disso, o assessor de agricultura da região Piemonte, Marco Protopapa, falou de “milagre vitícola”. Ele reafirmou a importância de “aprofundar os conhecimentos sobre os mecanismos fisiológicos de adaptação da vinhas ao estresse hídrico”.
Destaques da safra
Por conta das condições climáticas, a safra de 2022 foi bastante precoce, com colheita entre agosto e setembro. A expectativa é de vinhos com boa estrutura e complexidade. Nas palavras da Vignaioli Piemontesi são “vinhos particularmente harmoniosos e capazes de resistir ao tempo”. Em termos de variedades, boa parte delas se mostrou próxima da excelência.
Com quatro estrelas e meia apareceram as variedades mais prestigiosas da região, como Nebbiolo, Barbera e Dolcetto, assim como também Arneis, Favorita, Moscatel Branco, Brachetto, Freisa, Grignolino, Ruché, Vespolina, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Pinot Noir. Já as uvas Cortese, Erbaluce, Nascetta, Timorasso e Pelaverga foram classificadas como quatro estrelas.
A visão dos produtores
As condições climáticas de 2022, obviamente, chamaram a atenção dos produtores da região. Para Luca Sandrone, da vinícola Luciano Sandrone, “Duas palavras descrevem a safra em Barolo: resistência e resiliência”. Já Lorenzo Scavino, jovem enólogo da Azelia, destaca o quão diferente 2022 foi: “Meu pai, depois de quase 45 safras, não se lembra de um ano como esse. Especialmente com tal seca e colheita tão precoce”
E os vinhos? A maioria dos produtores parece cautelosa. Para Stefano Gagliardo, da Poderi Gianni Gagliardo: “A safra de 2022 foi, sem dúvida, peculiar, mas até agora os vinhos parecem mais que satisfatórios. No entanto, teremos que acompanhar sua evolução para fazer um julgamento final”. Já Alberto Cordero di Montezemolo, da Cordero di Montezemolo decidiu arriscar “Não há dúvida de que, depois de três grandes safras, a de 2022 pode ser colocada um degrau abaixo”.
Área plantada
Uma boa notícia foi a manutenção da tendência de crescimento da área de vinhedos do Piemonte. A área plantada cresceu em 2022 e chegou a 45.823 hectares, 0,9% acima do ano anterior. A atual tendência de recuperação da área plantada começou em 2017, quando os vinhedos piemonteses somavam 43.500 hectares. Apesar da crise global decorrente da Covid, seguiu o interesse dos consumidores pelos vinhos da região e os viticultores locais seguiram investindo em novos vinhedos.
Por conta do desempenho nos últimos cinco anos, a área de vinhedos atualmente é cerca de 3,7% superior àquela de 2013, representando aproximadamente 7% da área plantada na Itália. As uvas autóctones da região continuam representando a grande maioria dos vinhedos. Em termos de produção, as áreas classificadas como denominações de origem (DOCG e DOC) responderam por 83% dos vinhos produzidos.
Região de prestígio
Se o Piemonte responde por 7% da área plantada e cerca de 4,5% do vinho produzido na Itália, em termos de faturamento sua parcela é maior. Por conta de preços médios mais altos de seus vinhos, o volume de negócios atingiu € 1,24 bilhão em 2022, o segundo mais alto do país, somente atrás do Veneto. Em termos proporcionais, o Piemonte respondeu por cerca de 11% do faturamento do vinho italiano.
As exportações absorveram 60% do vinho produzido no Piemonte, dos quais 70% direcionados países da União Europeia e 30% aos demais. Os principais importadores foram os países escandinavos, EUA, Alemanha, França, Rússia, Espanha, Suíça e Japão. Na comparação com outras regiões italianas, o Piemonte apareceu como o segundo maior exportador, após o Veneto e ligeiramente à frente da Toscana.
Fontes: Viagnoli Piemontesi; WineNews
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