Pinot Noir Grand Cru? Alsácia agora também tem esta opção

O aquecimento global segue mudando o mapa do vinho para quem gosta de Pinor Noir. E uma região que tem se beneficiado das temperaturas mais altas, ao menos quando o foco recai sobre as uvas tintas, é a Alsácia. Situada no nordeste da França, esta região se especializou ao longo dos séculos nas uvas brancas (atualmente quase 90% da área plantada), replicando o que ocorre na vizinha Alemanha.

As quatro uvas brancas consideradas nobres na região (RieslingGewürztraminer, Pinot Gris e Moscatel) eram as únicas permitidas para vinhos classificados como Grand Cru na região. Até este ano, existia apenas uma exceção para seus 51 Grands Crus, com a Sylvaner sendo aprovada no Grand Cru Zotzenberg. Mas isso mudou. Agora a Pinot Noir também faz parte deste clube seleto.

Ascenção da Pinot Noir

A possibilidade de provar um Pinot Noir Grand Cru da Alsácia é apenas mais um passo dentro de uma longa caminhada. Por conta das condições climáticas da região, até a década de 1980 boa parte das uvas desta variedade plantadas na Alsácia era usada para elaborar o espumante local, o Crémant d’Alsace. Por conta do aquecimento global, porém, a área plantada mais do que dobrou desde então, superando recentemente o patamar de 11% dos vinhedos locais. Vale lembrar que a Pinot Noir é a única uva tinta permitida na região.

O avanço, porém, não ficou restrito à área plantada ou quantidade produzida. Por conta da crescente qualidade da Pinot Noir em algumas regiões da Alsácia, os produtores de três Grands Crus resolveram agir em 2016. Cerca de 15 anos após uma tentativa malsucedida (a justificativa dos burocratas era a pequena área plantada) novamente solicitaram à INAO (órgão que regula as denominações de origem francesas) a possibilidade de inclui-la entre as uvas permitidas nestas denominações.

Pinot Noir Grand Cru

A resposta da INAO chegou somente este ano. Das três denominações Grand Cru que solicitaram a inclusão (Hengst, Kirchberg de Barr e Vorbourg), as duas primeiras receberam sinal verde, com mais análises sendo solicitadas no último caso. Assim, 2022 marcará o primeiro ano quando Pinot Noir da Alsácia, especificamente destes dois vinhedos, poderá ser engarrafado como Grand Cru.

Curiosamente, são duas denominações em partes relativamente distantes na Alsácia. Com pouco mais de 40 hectares, o vinhedo Kirchberg, situado em Barr, fica no Baixo Reno (mais ao norte). Já Hengst, com 53 hectares, fica nas cercanias de Wintzenheim, no Alto Reno, bem próximo a Colmar. No entanto, diversas características de terroir são comuns: solo argilo-calcário, orientação sul-sudeste e altitude entre 250 e 350 metros acima do nível do mar. E, mais importante, ambas denominações já têm tradição no cultivo de Pinot Noir.

Condições e novo impulso

Para adquirir o status de Grand Cru, porém, os vinhos de Pinot Noir devem atender a uma série de critérios. Os vinhos devem ser secos (nível máximo permitido de açúcares é de dois gramas por litro) e passar por fermentação malolática. Além disso, devem ser envelhecidos ao menos até 1º de outubro do ano seguinte à colheita e, como todos os vinhos Alsace Grand Cru, ser engarrafados na tradicional Flûte d’Alsace.

A decisão da INAO pode acelerar ainda mais o plantio de Pinot Noir da Alsácia. Por conta do aquecimento global, diversas parcelas até hoje plantadas com Gewürtztraminer passam a ter a Pinot Noir como uma alternativa interessante, até levando em conta o maior apelo comercial da variedade originária da Borgonha.

Fontes: Conseil Vins Alsace; Decanter; Wine, Wit and Wisdom; Wein Plus

Imagem: © ZVARDON – Conseil Vins Alsace

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