Pioneirismo no Etna: conheça os vinhos tintos da Tenuta delle Terre Nere

Marco di Grazia é um dos pioneiros do renascimento do Etna como região vinícola de destaque. Chegou à região em 2000, lançou seu primeiro vinho em 2002 a partir de vinhas velhas na Contrada San Lorenzo e viu a reputação e produção da Tenuta delle Terre Nere crescerem ao longo dos anos. Atualmente, são pouco mais de 50 hectares de vinhedos, com 15 vinhos diferentes elaborados todos os anos.

Os vinhos tintos são o principal destaque, com mais de 70% da produção. Embora não exista no Etna uma classificação de vinhedos, De Grazia divide seus vinhos em três categorias: Clássicos, Premier Cru e Grand Cru. Foi um prazer provar seus vinhos da safra 2021 diretamente na vinícola e apresento minhas avaliações dos tintos a seguir.

Classico e Premier Crus

A safra 2021 foi mais quente, afetando sobretudo os vinhos elaborados a partir de videiras mais jovens. Seu vinho tinto de entrada, que faz parte da “categoria” clássico é o Etna Rosso, nesta safra com 13,5% de graduação alcóolica. Elaborado com uvas de diversas Contradas, conta com maior participação de vinhas jovens e se mostrou mais floral e com frutas mais maduras, com ligeira rusticidade nos taninos.

Os dois vinhos seguintes são considerados como Premier Cru e mostraram um importante ganho no que diz respeito à complexidade e profundidade em relação ao anterior. O Santo Spirito, com alta proporção de vinhas velhas plantadas a cerca de 750 metros de altitude, mostrou bom frescor e um discreto toque mentolado, com alta acidez, taninos finos e bom equilíbrio.

Já o Guardiola, Contrada que fica imediatamente acima de Santo Spirito, a 850-1.000 metros, também conta com alta proporção de vinhas velhas. Com mais tensão e equilíbrio, mostrou também maior profundidade e densidade, um vinho mais completo. Assim como todos os chamados Premier Cru e Grand Cru, mostrou teor alcóolico de 14,5%.

Grand Crus

Os três últimos vinhos degustados são considerados por De Grazia como Grand Cru. San Lorenzo conta com vinhas velhas, plantadas a altitudes em torno de 750 metros em solos bem mais antigos que os demais. Por seu posicionamento geográfico, tem clima mais frio e isso se reflete no vinho: um Nerello Mascalese com fruta mais fresca e pimenta branca no olfativo, com alta acidez, elegância e taninos mais finos no palato. Um vinho delicioso.

Também por conta de seu micro-terroir, o Calderara Sottana mostrou características próprias, porém bem distintas do anterior. O vinhedo fica entre 600 e 700 metros de altitude, mas seu formato e solo negro mais pedregoso resultam em maior retenção de calor. É um vinho “mais quente”, com frutas mais maduras, maior intensidade e complexidade, porém sem perder o equilíbrio.

Já o Prephyloxera Vigna de Don Peppino é elaborado a partir de uma parcela em Calderara Sottana com alta proporção de vinhas sobreviventes da filoxera, que chegou à região em 1881. Estas videiras de pé-franco dão origem a um vinho de incrível profundidade e cremosidade, que alia alta acidez, elegância, taninos finos e muita persistência. Mais do que todos os demais, certamente irá se beneficiar de alguns bons anos em garrafa para atingir seu ápice.

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