Safra 2023 na Argentina deve ser a menor da história

Para os viticultores argentinos, o título da Copa do Mundo do Catar, em dezembro de 2022, talvez tenha sido um dos grandes momentos dos últimos meses. Por conta de uma série de eventos climáticos, as perspectivas para a safra 2023 são extremamente negativas. Há grande chance desta colheita ser a pior da história da Argentina, ao menos desde 1960, quando as estatísticas oficiais começaram.

A colheita prevista na Argentina, segundo projeções do Instituto Nacional de Vitivinicultura (INV), deve atingir cerca de 1,53 milhão de toneladas de uva em 2023. Isso representa uma queda de cerca de 21% em relação à safra anterior, quando atingiu 1,94 milhão de toneladas. É importante lembrar que 2022 já havia sido uma safra ruim. Houve uma queda de 12,9% frente à colheita anterior e de 15,6% em relação à média de 10 anos.

Menor produção de vinho

Como o uso da esmagadora maioria das uvas colhidas na Argentina é para a elaboração de mostos ou vinhos, não há dúvida que a produção de vinhos sofrerá um duro golpe em 2023. No ano passado, a produção total a partir das uvas colhidas atingiu 14,38 milhões de hectolitros, 13,8% abaixo de 2021. Deste total, a produção de vinho respondeu por 11,45 mhl (79,6% do total), os mostos por 2,93 mhl (20,4%)  e o suco de uva por 835 hectolitros (0,01%).

Uma das regiões mais afetada é Mendoza, justamente a maior produtora de uvas e vinhos na Argentina. Em 2022, ela foi responsável por 68,4% das uvas e 76,8% dos vinhos produzidos. As estimativas do INV indicam que esta região deve ver sua produção de uvas cair cerca de 23% em 2023, na comparação com a colheita anterior.

Impacto do clima

Quatro fatores foram decisivos para este quadro desolador. Em primeiro lugar, geadas reduziram as perspectivas da safra, da mesma forma, por exemplo, que ocorreu com a França em 2021. Além disso, houve forte ocorrência de chuvas de granizo e o verão foi quente e muito seco em boa parte da Argentina. A combinação destes fatores levou muitas videiras ao stress hídrico, resultando em menor produção.  

Em entrevista ao jornal Los Andes, Fabián Ruggeri, presidente da Associación de Cooperativas Vitivinícolas (Acovi), concordou que as previsões do INV. “Estão bastante próximas do que acontecerá”. Ruggeri também foi muito cauteloso ao falar sobre preços, mas considerou que deve ser algo que “permita que o produtor viva e também que o vinho seja vendido mais tarde”.

Apesar da colheita ruim esperada para esta safra, Ruggeri disse que não será necessário importar vinho. “Com 1,5 milhão de toneladas previsto, podemos cumprir os compromissos no mercado interno, nas exportações e no mercado de mosto”.  Vale lembrar que o mercado doméstico absorve cerca de 70% da produção argentina de vinho.

Fontes: Instituto Nacional de Viniviticultura; Los Andes; VinePair

Imagem: sebastian del val via Pixabay

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