Os vinhos brancos da região do Mâconnais, região que fica ao sul da Côte d’Or e da Côte Chalonnaise e ao norte do Beaujolais, certamente ficam entre aqueles de melhor custo-benefício na Borgonha. Por muito tempo, nenhuma de suas cinco denominações de origem Village (Viré-Clessé, Pouilly-Fuisée, Pouilly-Vinzelles, Pouilly-Loché e Saint-Véran) contaram com vinhedos classificados como Premier Cru.
Esta situação veio a mudar somente a partir da safra 2020. Foi quando 22 climats de Pouilly-Fuissé receberam o status de Premier Cru, após um longo processo que ganhou corpo após a entrega de um dossiê para o INAO (que regula as denominações francesas) em 2010. Foi a primeira aprovação de novos vinhedos Premiers Crus na Borgonha desde 1943.
Para obter esta classificação, porém, os vinhedos tiveram que cumprir uma série de pré-requisitos. Devem estar em elevações médias (máximo de 400 metros acima do nível do mar) e serem plantados em solos argilo-calcários. O rendimento dos vinhedos deve ser de, no máximo, 56 hectolitros por hectare, o solo deve repousar por pelo menos três anos antes do replantio e não pode haver uso de herbicidas sintéticos. Além disso, o nome destes climats deve ter sido usado de forma frequente nas garrafas nos últimos anos, como evidência de um terroir diferenciado.
Novos Premiers Crus
Desde a aprovação dos Premier Crus de Pouilly-Fuissé, outras denominações de origem da região aguardam sua vez. E isso dever se tornar realidade para Pouilly-Vinzelles e Pouilly-Loché em breve. Em uma entrevista para a Decanter, Alexis Sannier, representante da INAO, admitiu que o processo está avançado.
As informações publicadas na revista britânica dão conta que o comitê do INAO teria validado em setembro de 2022 a admissibilidade de novos vinhedos Premiers Crus e definiu um grupo de peritos para a determinação da sua delimitação. O reconhecimento oficial para a safra de 2024 “parece realista”, disse Sannier. Vale lembrar que a apresentação dos dossiês dos produtores da região ocorreu em 2010, na mesma época daqueles de Pouilly-Fuissé.
No total, são quatro climats que devem ganhar nova classificação: Les Mûres em Pouilly-Loché e Les Quarts, Les Longeays e Les Pétaux em Pouilly-Vinzelles. Eles representam cerca de um terço dos 84 hectares das duas denominações. A aprovação é uma ótima notícia, mas não chega a ser surpreendente. Jean-Philippe Bret, coproprietário e enólogo da Domaine de la Soufrandière, em Pouilly-Vinzelles, afirmou em março deste ano, em nossa visita à vinícola, que a aprovação era apenas questão de tempo. Vale lembrar que a classificação Premier Cru se aplica somente aos vinhos elaborados a partir da Chardonnay.
Conheça os vinhedos
Os quatro vinhedos ficam próximos e dividem diversas características em comum, com destaque para orientação leste/sudeste e uma vista privilegiada do vale do Saône. Na parte mais ao sul, fazendo fronteira com o Premier Cru Aux Quarts (que fica em Chaintré, na denominação Pouilly-Fuissé) está localizado Les Longeays, com cerca de 8 hectares e solo mais argilosos. Logo a seu norte, fica Les Quarts, que, com 14 hectares e solos argilo-calcários, é considerado por muitos como melhor vinhedo de Pouilly-Vinzelles.
O segundo bloco também é composto por vinhedos adjacentes, desta vez a noroeste do vilarejo de Vinzelles. Les Pétaux tem apenas três hectares e completa o trio de futuros Premiers Crus de Pouilly-Vinzelles, enquanto Les Mûres, com 9,5 hectares e solos calcários, é avaliado por diversos produtores locais como o melhor terroir de Pouilly-Loché.
Quem quiser provar alguns dos melhores vinhos destes futuros Premiers Crus tem várias opções. Para Les Longeays, uma alternativa muito interessante é o Chardonnay de mesmo nome da Domaine Robert-Denogent. Para Les Quarts vale a pena provar a cuvée, também de mesmo nome, elaborada pela Domaine de la Sounfrandiére. Já para Les Pétaux a dica é o vinho do Château de Vinzelles, enquanto um excelente representante de Les Mûres é o vinho elaborado por Olivier Giroux, do Clos de Rocs.
Fonte: Vins de Bourgogne; Union des Producteurs de Pouilly-Fuissé; Decanter
Imagem: Arquivo pessoal
Mapas: Wine Scholar Guild, Domaine de la Sounfrandiére
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